Artesanato junino movimenta economia e reforça identidade cultural em João Pessoa

Artesanato junino movimenta economia e reforça identidade cultural em João Pessoa

Entre bandeirolas coloridas, o cheiro de milho cozido e o ritmo contagiante do forró, o São João se firma como uma das celebrações mais emblemáticas do Nordeste. Em João Pessoa, além da música, da dança e da gastronomia típica, o artesanato ganha destaque como expressão autêntica da cultura popular e como importante fonte de renda para centenas de famílias.

Neste período, feiras promovidas pela Prefeitura se tornam vitrines da criatividade paraibana, com peças que resgatam símbolos juninos e enaltecem a identidade regional. A produção artesanal, feita em tecido, madeira, palha ou barro, valoriza a tradição, alimenta a memória afetiva e impulsiona a economia criativa local.


Feiras celebram a cultura e incentivam o empreendedorismo

Artesãos e artesãs têm na época junina a oportunidade de intensificar as vendas e apresentar novos produtos inspirados nos elementos da festa: fogueiras, balões, espigas, santos juninos, casais matutos e sanfoneiros. Um dos principais espaços de comercialização é a Feira da Economia Solidária, que neste mês de junho acontece no Mangabeira Shopping. Com ambientação típica de uma cidade do interior, mais de 50 grupos cadastrados pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) se revezam de quinta a domingo, oferecendo produtos que encantam moradores e turistas.

A artesã Letícia Raquel, que confecciona acessórios infantis, como tiaras e presilhas, reforça a importância do período:

“As mães procuram muito por esses artigos para enfeitar as crianças nas festas das escolas. É um tempo de muitas vendas e de alegria. As cores vibrantes, como o vermelho, amarelo e o xadrez, representam bem o São João”.


Mulheres que transformam a tradição em renda

A produção artesanal também carrega histórias de superação e afeto. É o caso de Francineide de Souza Dias e Zilma Pereira, que fabricam laços e acessórios há cinco anos e estrearam este ano na Feira Móvel do Produtor. Para elas, incorporar elementos típicos nas criações é uma forma de manter viva a memória cultural.

“A chita, o xadrez e as estampas remetem às nossas raízes. É uma época de muita procura e afeto”, explica Francineide.
“Este ano apostei em bonequinhas com roupas de quadrilha. Participar da feira é uma oportunidade de vender e também de fazer amizades”, completou Zilma.

Já a experiente Valda Lúcia Ribeiro, que participa da feira há cerca de 10 anos, ressalta que a festa junina inspira a renovação constante. Ela produz peças como panos de prato, estandartes e bastidores decorativos com juta e palha.

“Todo ano eu crio novidades. Já enviei peças para Campina Grande, Natal, Suíça e Canadá. É gratificante ver nosso trabalho valorizado”, contou.


Incentivo institucional fortalece o setor

Além das feiras itinerantes, a Prefeitura de João Pessoa mantém o Celeiro Espaço Criativo Cantor Gabriel Diniz, no Hotel Globo, no Centro Histórico. O espaço reúne obras de artistas locais e funciona como ponto turístico e de comercialização de artesanato. A visitação é gratuita e acontece diariamente, das 8h30 às 17h.

A artista plástica Jailma Rocha, que expõe no Celeiro, destaca a valorização da cultura nordestina pelas estampas de suas peças, que exploram a xilogravura e o cotidiano regional.

“A arte nordestina está na alma do povo. O turista valoriza muito isso, e leva uma lembrança carregada de significado”.

A coordenadora do espaço, Priscilla Soares, confirma a alta procura no período junino:

“Há grande interesse por artigos com temática de São João, feitos com produtos da terra, como o algodão colorido, cerâmica de barro e rendas tradicionais”.


Celebração que une cultura, fé e geração de renda

Para o povo nordestino, o São João vai além da festa: é expressão de fé, memória, tradição e resistência. O artesanato, com sua beleza e simbolismo, traduz essa essência e se consolida como uma das formas mais potentes de reafirmar a identidade cultural. Ao adquirir uma peça feita à mão, o consumidor leva para casa mais do que um adorno: carrega um pedaço da história e da alma do Nordeste.